terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PMDB Cristianiza mais um: Marcelo Castro



Antes de entrar no assunto, uma explicação: cristianizar, na política brasileira, não é converter um candidato à fé cristã. É abandoná-lo no meio do caminho. Assim aconteceu em 1950 com o candidato a presidente do PSD, Cristiano Machado. As lideranças do partido, ao perceberem que o eleito seria Getúlio Vargas, "cristianizaram" o candidato.

No Brasil redemocratizado, o PMDB é quem tem tradição na conduta. Em 1989, esqueceu o "velhinho" Ulysses Guimarães (no Piauí, o governador Alberto Silva, do PMDB, apoiou de cara Fernando Collor). Em 1994, deixou para lá o "caipira" Orestes Quércia. De 2002 em diante começou a fugir da candidatura própria a presidente como o diabo foge da cruz. Uma legenda enorme que se satisfaz apenas em fazer parte do poder.

No Piauí de 2010, o PMDB está cristianizando o pré-candidato a governador, deputado Marcelo Castro. No dia 6 de abril do ano passado, em Teresina, com a presença do presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), Marcelo Castro foi aclamado como "o cara".

As pesquisas nunca lhe deixaram à frente entre os demais pré-candidatos lançados pela base aliada do governador Wellington Dias (PT), mas se mostrou competitivo. Chegou a ultrapassar a marca de 10% das intenções de voto. Marcelo Castro esteve em andanças com o governador pelo Piauí. Concedeu um sem número de entrevistas expondo suas ideias. Mas o PMDB foi deixando para lá, esfriando a pré-candidatura.

O deputado se viu envolvido no fim do ano passado com a polêmia da distribuição de royalties do petróleo do pré-sal. Liderou o movimento pela distribuição justa do recurso a todas as unidades da federação. Encarou a poderosa e numerosa bancada do Rio de Janeiro. Nesta terça-feira (9), ele está em João Pessoa (PB) fazendo palestra sobre o tema. Já esteve em São Luís e Fortaleza.

Essa atuação poderia ter sido levantada como uma bandeira do PMDB piauiense. Ao contrário. Marcelo Castro foi cristianizado ainda mais: ele estaria mais empolgado com o pré-sal, que poderá transferir R$ 1,2 bilhão por ano de recursos ao Piauí, do que com a candidatura a governador.

Em João Pessoa, o deputado conversou por telefone com o Acessepiaui:

Acessepiaui - Deputado, tudo bem. Podemos conversar um pouco sobre as eleições para governador.
Marcelo Castro - Claro.

Acessepiaui - Na última pesquisa o senhor está com 5% das intenções de voto. O senhor não foi abandonado pelo PMDB?
Marcelo Castro - Não vejo assim. Ainda teremos uma conversa final após o carnaval. O governador tomará a decisão de quem será o candidato da base no início de março. Vamos aguardar.

Acessepiaui - Mas, deputado, o senhor não sente que está perdendo apoio no partido? Parece uma tradição no PMDB, desde a candidatura fracassada de Ulysses Guimarães para presidente, em 1989.
Marcelo Castro - (sorri). É isso aí.

Acessepiaui - E aquela festa que foi feita no lançamento da sua pré-candidatura, em abril do ano passado?
Marcelo Castro - Desde o começo eu sabia que teria muitas dificuldades no caminho. Mas, vamos aguardar a decisão do governador. Continuo pré-candidato.
Fonte: acessepiaui.com.br

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